segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Vale suspende construção de Siderúrgica de Marabá



A construção da Siderúrgica da Vale no Pará vive um impasse da mineradora com o governo brasileiro e a necessidade de a empresa postergar investimentos fora de suas áreas de prioridade por conta da crise, afirmaram autoridades e uma fonte com conhecimento das decisões da companhia. As obras de construção da Aços Laminados do Pará (Alpa) estão suspensas porque o governo federal retirou do orçamento do plano de Aceleração do Crescimento (PAC) deste ano uma hidrovia crucial à siderúrgica, revelaram à Reuters autoridades do Pará.
Segundo o Secretário de Indústria, Comércio e Mineração do Pará, David Leal, as informações obtidas por eles é que ela chegou a fazer terraplenagem, investiu milhões de reais, mas resolveram interromper, em função da ausência da obra da hidrovia do Tocantins.
A maior produtora de minério de ferro do mundo confirma que aguarda definição da solução logística por parte do governo federal, mas que prossegue com projeto de uma usina de 3,2 bilhões de dólares e a capacidade anual de produção de 2,5 milhões de toneladas de placas de aço, em Marabá.
A Vale atribuiu a interrupção da terraplenagem a um problema com uma parte do terreno cuja desapropriação foi contestada na Justiça. A mineradora falou a respeito da terraplenagem que a obra foi realizada até onde foi possível, com 85% dela executada.devido ao impasse do lote11.
O secretário de Indústria da Prefeitura de Marabá, João Eufrásio de Alcântara,explica que alguns operários continuam no local fazendo a drenagem e conservação do que já foi executado na Alpa, sem avançar em obras estruturantes.
A Vale afirma que os demais trabalhos como revegetação e manutenção de taludes na área, continuam em andamento.
De acordo com o Secretário Leal, a diretoria da Vale, pediu que o governo assinasse um protocolo de intenções se comprometendo com as obras da hidrovia, e se o governo assinasse o documento, imediatamente retomaria as obras.
Uma fonte do governo que prefere ficar no anonimato afirma que o governo federal trabalha para destravar o impasse, mas não vai assinar o protocolo de intenções para execução das obras da hidrovia como propôs a Vale.
A entrada da Vale na siderurgia foi um dos pontos de discórdia com o governo que culminaram com a saída de Roger Agnelli da presidência da mineradora. O governo no tempo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva passou a cobrar maior participação da mineradora no setor siderúrgico.
DIFÍCIL E CARA
A hidrovia Araguaia-Tocantins enfrenta problemas de navegabilidade, com necessidade de obras para retirada de pedras que impedem a travessia de embarcações num trecho de 43 quilômetros, uma obra cara e difícil, segundo a fonte do governo. Ela diz ainda que o projeto está em estágio de licenciamento, mas teria sido questionado por autoridades competentes e por isso também teria sido retirado do PAC.
A Vale, então, teria contratado uma consultoria para realizar um segundo estudo de viabilidade técnica e econômica do empreendimento, disseram as autoridades do Pará. O estudo deve ser concluído em novembro. A Vale não comentou imediatamente a informação.
O governo federal esperava que a Vale fosse parceira no investimento da hidrovia, segundo informações do site do governo do Pará.A Alpa, assim como o projeto da Siderúrgica do Ubú, no Espírito Santo, não foi aprovada pelo Conselho de Administração da mineradora, embora tenha sido citada na divulgação do Capex em anos anteriores.
CENÁRIO DESFAVORÁVEL
O problema da hidrovia é crucial, mas o cenário econômico desfavorável também acabaria atrasando de qualquer forma projetos de siderurgia da Vale, segundo uma fonte que acompanha as decisões da companhia e analistas de mercado.Diante do fraco desempenho do mercado de minério de ferro e aço, a Vale foi obrigada a rever seus investimentos e priorizar projetos mais importantes para evitar resultados financeiros ruins.
De acordo com o conhecimento da fonte perante a situação, que pediu para não ser identificada, projetos de siderurgia não estão entre as prioridades da companhia e deveriam ficar para depois.O projeto do Espírito Santo já foi adiado pelo menos duas vezes, e deve ser adiado novamente, pela falta de um sócio para realizar os investimentos em parceria com a Vale.
Para o analista do Goldman Sachs, Marcelo Aguiar, os projetos de siderurgia que ainda não foram aprovados não devem passar pelo crivo dos conselheiros tão cedo, ele diz ainda que a Vale não deverá aprovar nenhum novo projeto,pois irá tocar apenas os que já se iniciaram e os de minério de ferro.
(DOL -Informações blog Tapajós On Line)

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