quarta-feira, 20 de fevereiro de 2013

VIOLÊNCIA Porque Marabá é a cidade mais violenta do Pará para o jovem? Imigração, extensão territorial e falta de incentivo à educação são motivos apontados por autoridades e especialistas


O Índice de Vulnerabilidade Juvenil à Violência divulgado ontem em um estudo realizado pelo Ministério da Justiça e Fórum Brasileiro de Segurança Pública mostrou que Marabá é a segunda cidade mais violenta para a juventude do Brasil, perdendo apenas para Eunápolis (BA). Marabá lidera a lista das dez cidades paraenses acima de 100 mil habitantes mencionadas no relatório ficando na frente de Marituba (15.ª), Ananindeua (28.ª) e Parauapebas (29.ª). O índice levou em consideração as taxas de violência a que os jovens de 12 a 29 anos estão expostos como homicídios, mortalidade no trânsito, pobreza, desigualdade socioeconômica, freqüências dos jovens nas escolas e o acesso ao mercado de trabalho e o relatório foi realizado com base no Censo de 2010. Para o Superintendente Regional da Polícia Civil, Alberto Teixeira de Barros, os fatores mencionados como pobreza, desigualdade socioeconômica e freqüências dos jovens nas escolas acabam resultando no principal fator sob sua administração: homicídios. “A polícia quer seja civil ou militar combate os efeitos de uma causa que não são de nossa responsabilidade. O que gera a violência quer juvenil ou não são a falta de infra-estrutura e condições para a comunidade em geral ter acesso à escola e trabalho”, mencionou. Além disso, segundo Alberto Teixeira, fatores como grande extensão territorial para atuação da polícia (a região tem 57.517 Km2 ou 54 vezes maior que a região metropolitana de Belém segundo ele), conflitos agrários, má conservação das estradas e fronteiras com estados como Maranhão e Tocantins, também são importantes como resultado na vulnerabilidade violenta aos jovens. Ainda de acordo com Alberto Teixeira, Marabá possui o que ele chama de população flutuante, que são as pessoas que vêem a cidade em busca de melhores condições de vida e à procura de trabalho nos grandes projetos que existem na cidade. “Nós temos um círculo migratório muito grande de pessoas que vêem a procura de trabalho, não conseguem e ficam por aqui, não tendo oportunidade de emprego e educação acabam enveredando para a criminal. O surto migratório acaba gerando a violência”, explicou o Superintendente da Polícia Civil. Para o educador Raimundo Gomes da Cruz Neto, os problemas resultantes da falta de incentivo à cultura e a educação são os principais fatores que levam o jovem à mercê da violência. “Marabá ainda não tem políticas que incentivem o jovem a gostar de estudar, a ter prazer na educação. Sem educação o jovem fica sem emprego e vulnerável aos agenciadores a aliciadores”, relata o educador.Segundo Raimundo Neto, a rota das drogas que vêem de fora e passam pelo Pará e por Marabá, também são fortes indícios do resultado tão pessimista do relatório divulgado ontem.

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