quinta-feira, 19 de abril de 2012

72% das línguas indígenas estão na Amazônia

Dia do Índio é todo dia: a nossa vida não é mercadoria!


Povos_indigenas_2011
Hoje é o chamado "dia do índio". Mas sabemos que a resistência indígena acontece todo dia, o ano inteiro. Mesmo com toda a chamada "civilização" (termo bastante questionável) tentando eliminá-los, durante 500 anos, muitos destes povos continuam sua resistência. Mesmo sem política, programa, ação, sem apoio de deputados, governadores, prefeitos, eles continuam. Pois a maioria deles têm convicção de serem o que são. E pagam um preço alto por isso.

Os ataques continuam, como Jirau, Belo Monte, estradas cortando suas terras, os grandes fazendeiros, caçadores e pescadores depredando suas matas. Apesar disso, há muitas conquistas no movimento indígena, e, mais que o "movimento indígena" oficial, continuam as práticas nas suas terras, lutas por demarcação e por seus direitos, autonomia e diversidade cultural.

Acredito que a Economia Solidária tenha muito o que aprender com estes movimentos de resistência e formas diversas de viver e encarar a vida. Para além de palavras, a Economia Solidária tem a ambição de se basear nas práticas. Cada empreendimento autogestionário de economia solidária é ao mesmo tempo um núcleo de resistência e alternativa. É uma forma de viver e de dizer um NÃO a este maldito modelo de desenvolvimento que mata, destrói a vida na terra, gera acúmulo para uns poucos, e uma desigualdade crescente. Um modelo baseado no consumo desenfreado, na angústia de querer sempre consumir mais para tentar tapar o vazio da alma numa sociedade cada vez mais seca, competitiva e estúpida.

Agora o PL Engana-se quem pensa que no estado do Pará se fala apenas Português. Além do idioma oficial, no solo paraense também são faladas outras 25 línguas indígenas. Em toda a Região Amazônica, estão concentradas 72% das chamadas línguas minoritárias ainda faladas no Brasil. A maioria delas, é de origem indígena. As pesquisadoras da Universidade Federal do Pará (UFPA), Marília Ferreira e Leopoldina Araújo, desenvolvem pesquisas sobre o tema na tentativa de ajudar a preservar a variedade linguística no estado.

“As línguas indígenas brasileiras são línguas minoritárias. Geralmente, a sua situação sociolinguística é de stress linguístico, pelo fato de estarem em competição com a língua portuguesa, que é majoritária e socialmente prestigiada. Dessa forma, o que tem ocorrido é que alguns domínios sociais anteriormente ocupados por línguas indígenas, hoje o são pela língua portuguesa”, explica Leopoldina Araújo.

O “Português” ainda invade aldeias - Segundo as pesquisadoras, a principal ameaça a manutenção das línguas indígenas é o aumento gradativo do contato com as populações não indígenas. Para elas o extermínio dessas populações, como ocorreu durante os processos de colonização do continente americano; o casamento com não-indígenas, com o consequente abandono da língua original no ambiente familiar e a adoção do português; e o abandono do uso corrente desta língua entre as novas gerações, acompanhada pelo falecimento dos idosos da comunidade são as situações que mais ameaçam a continuidade destes idiomas.

“Por muito tempo, as populações indígenas e suas línguas foram consideradas primitivas e sem valor algum pela sociedade letrada e, admitamos, ainda hoje esses povos são socialmente discriminados, apesar de suas muitas conquistas”, conta Leopoldina Araújo.

O desaparecimento de um idioma, ameaça não apenas a comunidade na qual ela era falado, mas toda a sociedade. “Quando se perde uma língua, se perde também uma específica perspectiva de compreensão do mundo, de interpretação a vida e suas questões, perde-se cultura, perde-se conhecimento de diversas ordens. Pelo fato de essas línguas serem de tradição oral, essa perda é muito mais dramática, já que alguns dados históricos podem ainda ser recuperados através de elementos simbólicos, como cantos, pintura corporal, muitas vezes nominação, mas a falta de registros escritos limita o acervo registrado”, resume Marília Ferreira.

As línguas indígenas também influenciam o português – Certamente há influência das línguas indígenas sobre o português brasileiro e essa presença é mais marcante e visível no léxico de modo que muitas palavras usadas cotidianamente têm origem em termos indígenas.

MPF e Funai pedem retirada de invasores de Kayapó

O Ministério Público Federal (MPF) e a Fundação Nacional do Índio (Funai) pediram à Justiça Federal de Redenção que determine a reintegração de posse, em favor dos índios Kayapó, da Terra Indígena Kayapó, entre os municípios de Tucumã e Cumaru do Norte, no sudeste do Pará. Invasores não-índios chegaram ao local conhecido como Motayto, dentro da Terra Indígena, em 2001 e já foram retirados quatro vezes, mas retornaram.
Os invasores são liderados por uma mulher, Jovelina Pereira Feitosa Morais, conhecida como Mocinha, que dirige uma associação e reivindica ser assentada no local, o que é impossível por se tratar de território de ocupação imemorial dos índios. A invasão acaba funcionando como porta de entrada de madeireiros ilegais, que vêm causando estragos no patrimônio florestal dos Kayapó. Em fevereiro passado, uma equipe da Funai esteve na região para aviventar os marcos demarcatórios da área indígena – que foi homologada em 1991 – e foi impedida de realizar o trabalho após ameaças dos invasores.
O MPF teme um conflito violento entre os índios Kayapó (conhecidos por sua disposição guerreira), os invasores (que anunciaram estar fortemente armados) e um grupo de garimpeiros instalados a dois quilômetros da Terra Indígena, a quem a invasão liderada por Jovelina Mocinha vem causando incômodos – eles também anunciaram estar armados.

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