A Ordem dos Advogados do Brasil
(OAB) aplicou nesse domingo, 27, a primeira fase do seu 7º Exame
Unificado, com a participação de pouco mais de 111 mil candidatos em
todo o país. A prova é necessária para habilitar bacharéis em direito a
atuar como advogados.
Criado em 1994, o chamado Exame de Ordem
foi alvo de questionamentos na Justiça, mas em 2011 o Supremo Tribunal
Federal (STF) pôs fim à briga judicial decidindo, de forma unânime, pela
constitucionalidade da prova. A Corte se manifestou sobre a questão ao
rejeitar o recurso de um bacharel em direito contra o exame.
Apesar
da decisão do STF, alguns candidatos consideram a prova um instrumento
de reserva e não de seleção de bons profissionais, como argumenta a
bacharel em direito Ione Parcianello, que está fazendo o Exame de Ordem
pela terceira vez. “O controle tem que ser feito pelo cliente, pelo
mercado. A prova é desnecessária”, avalia.
Na última edição,
apenas 25.912 dos 101.936 inscritos foram aprovados, o que corresponde a
25,4% dos candidatos. Para a bacharel Raildes Gusmão, que já fez a
prova duas vezes e não passou, o alto índice de reprovação se deve à má
qualidade do exame.
“As provas mal elaboradas deixam o candidato
em dúvida. Além de não ser um instrumento válido para selecionar,
conheço muitos maus profissionais que passaram na prova. Não é um
instrumento de avaliação, virou um mercado, a inscrição custa R$ 200”,
critica.
Formado em direito pela Universidade de Brasília, Sérgio
Murilo Gonçalves Marello também está na terceira tentativa de passar na
prova da OAB, mas acredita que as exigências do exame melhoram a
formação dos futuros advogados.
“Acho o exame necessário.
Querendo ou não, é preciso ter um controle de qualidade, inclusive
outras profissões deveriam ter esse tipo de controle também, há muitos
profissionais sem competência”, pondera.
Para o professor
Asdrúbal Júnior, que dá aulas em um curso preparatório específico para o
Exame de Ordem, a prova é necessária para selecionar novos advogados,
mas precisa ser aperfeiçoada continuamente para garantir a qualidade do
processo.
“Há um certo descompasso entre o que exigem a prova e a
vida profissional. A faculdade prepara mais para a vida profissional e
menos para o exame, e por causa desse descompasso, as pessoas têm
dificuldade de aprovação. A prova testa muito a memória, o que não é
necessariamente útil no dia a dia da profissão”, avalia.
A melhor
forma de se preparar para o exame, segundo Júnior, é combinar o
aprendizado na sala de aula, ainda durante a faculdade, com estudo
direcionado para a OAB. “Ideal seria que, durante a faculdade, o
candidato desenvolvesse uma metodologia de estudo que fosse acompanhando
a vida acadêmica toda, e quando chegasse ao final teria uma formação
mais qualificada”, recomenda.
A próxima fase do exame está
marcada para o dia 8 de julho. O Exame de Ordem foi criado em 1994, com a
aprovação da Lei do Estatuto da Advocacia e da OAB. Anualmente, os
cursos de direito formam cerca de 90 mil bacharéis
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