segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

JADER DEFENDE VIABILIZAÇÃO DA HIDROVIA ARAGUAIA-TOCANTINS

O governo federal está empenhado em aumentar a produção de energia da Hidrelétrica de Tucuruí. Especula-se que já existem estudos para a construção de uma terceira estrutura, capaz de acrescentar até 2.500 MW na sua potência atual. Se isso realmente acontecer, o Brasil ficará tranquilo porque o Pará vai mandar mais energia para o resto do País. 

    
Ou seja: não há dinheiro para o derrocamento do Pedral do Lourenço (e com isso as eclusas ficam como enfeites na Hidrelétrica de Tucuruí); não há dinheiro para a construção do Porto de Barcarena, mas há dinheiro (cerca de 5 bilhões) para ampliar Tucuruí e garantir mais energia para o País? E nós, paraenses, onde ficamos? 
    
Sem as obras de derrocamento, o Pará não terá logística para o transporte hidroviário. Na sequência, o Porto de Itaqui, no Maranhão, vai continuar com o escoamento do minério de ferro de Carajás. 
    
E agora, o Ceará se habilita com indústria siderúrgica e pode transformar o nosso ferro em aço e com isso se tornar um Estado industrial, produzindo todo tipo de equipamento sem ter um grama de minério de ferro em seu solo. A implantação da Aços Laminados do Pará, a Alpa, anunciada pela Vale, juntamente com a governador Ana Júlia Carepa, a então ministra-chefe da Casa Civil Dilma Roussef e o presidente Lula, nunca saiu do papel, porque a industrialização do minério de ferro em Marabá depende da navegabilidade do rio Tocantins. 
    
Há mais de seis meses encaminhei requerimento à mesa do Senado, para que a ministra do Planejamento, Mirian Belchior, fornecesse informações do Protocolo de Intenções assinado pelo governo e a Vale sobre a implantação da Alpa e as obras do Pedral do Lourenço. A resposta é que havia uma comissão tratando do assunto. 

Como parlamentar dediquei muito tempo na luta pela construção das eclusas de Tucuruí. Finalmente as eclusas ficaram prontas, mas não há uma sequência, ou um compromisso com as obras daqui. De vez em quando aparece uma cabeça de burro para empacar o nosso desenvolvimento. 

Eu fiquei indignado e perplexo ao saber que Tucuruí poderá ser ampliada para garantir mais energia para o Brasil quando nada sabemos sobre a construção da Hidrovia Araguaia-Tocantins que pode proporcionar a integração brasileira com os mercados do mundo todo. É um velho sonho paraense de progresso e desenvolvimento industrial. A Hidrovia Araguaia-Tocantins é uma projeção futurista que vai melhorar a área dos transportes no Brasil. O Pará tem muitos rios, e o transporte hidroviário, sem nenhuma dúvida, é o mais barato. 

Já enviei correspondência à presidente Dilma para que o derrocamento do Pedral do Lourenço seja reincluído no Programa de Aceleração de Crescimento, o PAC. A obra saiu do PAC depois de ter sido anunciada como prioridade. Sem ela o Pará nunca vai entrar na era do aço. 
   
Por sorte, vejo com satisfação que a sociedade paraense começa a despertar: essa semana, entidades empresariais, governo estadual e parlamentares vão à Casa Civil da Presidência da República pressionar o governo para a construção da Hidrovia. E há outros movimentos e frentes que estão na luta. 
   
E é isso que tem que ser feito. A sociedade não pode deixar de se indignar diante do descaso e da falta de compromisso. A juventude do ser humano reside não apenas na idade cronológica. A velhice chega quando perdemos a capacidade de indignação. 
   
O Pará tem sido um grande vizinho para o Brasil. O governo federal só se empenha em obras por aqui se elas servirem ao País, como Belo Monte e agora essa especulação da ampliação da Hidrelétrica de Tucuruí. Já o derrocamento do Pedral do Lourenço ou a Hidrovia do Tocantins e outras tantas podem esperar, porque na visão do governo só interessam aos paraenses. 
     
JADER BARBALHO 
     
*Texto originalmente publicado no Jornal Diário do Pará no dia 20 de Janeiro de 2012. 

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