(Foto: Buda Mendes/CPB)
Alan
Fonteles custou a pregar os olhos depois dos 21s45 que o alçaram a
estrela do paradesporto mundial. O novo campeão paralímpico dos 200m T43
cumpriu todo o ritual esperado de alguém que acabara de desbancar o
favoritíssimo sul-africano Oscar Pistorius. Depois do exame protocolar
antidoping, entrevistas e cumprimentos, o brasileiro chegou à vila
quase 2h da manhã.
“Entrei no computador. Eram centenas de
mensagens. Não consegui responder a todas. Mas também demorei a dormir”,
contou, tímido, diante de cerca de 50 jornalistas de todo o mundo em
uma entrevista coletiva nesta segunda-feira (3) em Stratford, bairro
onde fica o Parque Olímpico.
Se as imagens não saíam da cabeça de Alan de
noite, faltava a materialização do feito: a medalha de ouro que o
brasileiro foi buscar na manhã seguinte no Estádio Olímpico. Foi com ela
ao redor do pescoço que o atleta falou à imprensa brasileira e
estrangeira e posou pacientemente para fotos com novos admiradores:
crianças, policiais, voluntários, senhores de idade.
“A medalha de ouro é real?”, perguntou uma
menininha para sua mãe. “Abrace ele! Esse é o momento mais importante da
sua vida, filha!”, disse uma outra senhora para a garota a seu lado.
Sem perder a serenidade e a simpatia, Alan
Fonteles falou sobre as declarações de Pistorius a respeito do tamanho
de suas próteses.
“Ninguém gosta de perder. Entendo o que ele
devia estar sentindo depois da prova e falou de cabeça quente. Estou
dentro das regras do Comitê Paralímpico Internacional, isso é o que
importa”, comentou Alan. “Somos adversários dentro da pista, mas quero
seguir amigo dele. Não quero essa polêmica que estão tentando fazer”,
minimizou o paraense de 20 anos, nascido em Marabá.
Quando perguntado se pretendia buscar a vaga
nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, em 2016, Alan foi categórico:
“Não! Sou um atleta paralímpico e quero fazer minha história nas
Paralimpíadas”, frisou.
Com os principais jornais ingleses na mão
(guardou todos de recordação), Alan lembrava da família. “Falei com meu
pai (Almir), com minha mãe (Cláudia) e com minha namorada (Mariana).
Eles assistiram à prova juntos pela televisão e estavam muito felizes e
orgulhosos”, contou Alan, ainda sem data para chegar no Pará.
“Vou primeiro a São Paulo e depois sigo para
ver minha família. Imagino o tamanho da festa que estão preparando.
Quando fui prata, em Pequim, foi uma loucura. Imagina agora!”.
(
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