PELA TERCEIRA VEZ, FAZENDEIRO
E PISTOLEIROS TORTURAM E EXPULSAM 27 FAMILIAS DO ASSENTAMENTO COLONIA VERDE BRASILEIRA,
“Fazenda 03 palmeiras”, EM SANTANA DO ARAGUAIA, SUL DO PARA
No dia 20 de setembro, por volta das 14 horas, cerca de 10
homens encapuzados, armados de carabinas, espingardas, revólveres, a mando do
fazendeiro João Alves Moreira, acompanhados de seu genro de nome Élson, chegaram
no acampamento localizado no Projeto de Assentamento Colônia Verde Brasileira, fazenda 03 Palmeiras, no
município de Santana do Araguaia e expulsaram violentamente as 27 famílias que trabalhavam
e moravam acampadas no local.
O fazendeiro João Alves Moreira, possui ilegalmente a fazenda
03 palmeiras dentro do assentamento Colônia Verde Brasileira, já que se trata
de terra pública da União, o que é proibido pela lei, devendo a terra ser
destinada à reforma agrária. O INCRA já ingressou com processo contra João
Alves Moreira para retirá-lo das terras publicas e o processo segue tramitando
na Justiça Federal de Marabá.
Os pistoleiros obrigaram todas as famílias presentes, homens,
mulheres e 18 crianças, inclusive 03 mulheres com crianças no colo, a deitarem
no chão de bruços, por mais de três horas os homens, debaixo do sol, sem comida ou bebida,
sendo espancados e torturados física e psicologicamente.. Os pistoleiros
rodeavam as pessoas deitadas, chamando as mulheres de prostitutas, os homens
bandidos, e atiravam perto de suas cabeças as ameaçando de morte e ameaçando
estuprar as mulheres e as adolescentes, causando um verdadeiro cenário de terror.
Os pistoleiros torturaram especialmente o acampado conhecido
por “Baiano”, pisando e chutando a sua cabeça até a ponto dele desmaiar e vomitar
sangue. Eles o obrigaram a gritar “sou bandido”, “sou vagabundo”. Quando batiam no acampado Leoncio, ameaçavam de estuprar sua mulher que estava perto dele.
Após três horas de tortura com as famílias, os pistoleiros levaram
elas em um caminhão gaiola até o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santana
do Araguaia, e ali os despejaram com seus mantimentos trazidos do acampamento.
Lembramos que já nos dias 03 de agosto e 10 de outubro de
2010, o mesmo fazendeiro Joao Moreira, acompanhado de seu genro e de
pistoleiros encapuzados, tinham expulsado essas famílias da área com muita
brutalidade, atirando nas pessoas, inclusive ferindo a bala um acampado. Tais
fatos também foram comunicados à DECA, entretanto, passados dois anos, o
inquérito que apura esses crimes nunca foi concluído, mesmo com cobranças de
autoridades superiores. Atualmente o inquérito se encontra em poder do Delegado
Superintendente da Região Sul do Pará.
Importante destacar ainda que, em 08 de agosto de 2012, o
fazendeiro Joao Moreira foi flagrado com 04 armas de fogo enquanto mantinha 10
trabalhadores rurais em condição análoga a de escravos na sua fazenda 03 Palmeiras,
situada dentro do PA Colônia Verde Brasileira. Ele foi obrigado a pagar, a título
de indenização aos trabalhadores o valor de R$ 147.512, 82 (cento e quarenta e
sete mil e quinhentos e doze reais e oitenta e dois centavos). Ainda terá que
responder perante a Justiça pelo crime cometido.
Diante desses graves crimes praticados, que nos dá a
impressão de estar vivendo em uma verdadeira terra sem lei, exigimos:
1)
A
rápida apuração pela DECA do crime de tortura praticado no dia 20/09/2012 pelos
pistoleiros e seu mandante João Alves Moreira, contra as mulheres, crianças e
homens no interior do referido Projeto de Assentamento;
2)
A
conclusão imediata do Inquérito que apura os crimes praticados no dia
10/10/2010 que mesmo passados dois anos, ainda não foi concluído;
3)
A
condenação dos pistoleiros e de seu mandante, o fazendeiro João Alves Moreira pelos
crimes praticados, em 03/08/10, 10/10/2010 e 20/09/2012.
4) A atuação da Procuradoria Federal
Especializada do INCRA de Marabá para urgentemente comunicar esses fatos à
Justiça Federal, a fim de retirar João Alves Moreira da área, já que ele ocupa
ilegalmente o PA Colônia Verde Brasileira, que vem praticando crimes graves em
terra pública (submeter trabalhadores à condição de escravidão e tortura);
5)
O
reassentamento das famílias clientes da reforma agrária na fazenda 03
Palmeiras, por se tratar de terra pública da União;
Xinguara, 26 de setembro de 2012.
Sindicato
dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais de Santana do Araguaia – STTR
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