quarta-feira, 3 de agosto de 2011

Cordel Encantado do Delegado


O delegado Reinado Lobo, da 29ª DP do Riacho Fundo - DF, resolveu inovar. Lançou mão de seus dotes poéticos cordelistas para relalar o Inquérito Policial nº 274/2011 – 29ªDP, que trata de prisão de um receptador de coisa roubada (Art. 180 do CP). Ele narrou o crime em versos de literatura de cordel, bem ao estilo da "Volante" na época do Cangaço.  A atitude inusitada do delegado-poeta não foi muito além. A Corregedoria de Polícia Civil, tão logo tomou conhecimento do assunto, exigiu a ele que refizesse o Inquérito, obedecendo as normas do padrão regular de redação oficial.  Classificou a ousadia de “atecnia”. Chateado, o delegado se sentiu censurado e despido de sua autonomia funcional.

R E L A T Ó R I O EM CORDEL

Já era quase madrugada
Neste querido Riacho Fundo
Cidade muito amada
Que arranca elogios de todo mundo

O plantão estava tranqüilo
Até que de longe se escuta um zunido
E todos passam a esperar
A chegada da Polícia Militar

Logo surge a viatura
Desce um policial fardado
Que sem nenhuma frescura
Traz preso um sujeito folgado

Procura pela Autoridade
Narra a ele a sua verdade
Que o prendeu sem piedade

Pois sem nenhuma autorização
Pelas ruas ermas todo tranquilão
Estava em uma motocicleta com restrição

A Autoridade desconfiada
Já iniciou o seu sermão
Mostrou ao preso a papelada
Que a sua ficha era do cão
Ia checar sua situação

O preso pediu desculpa
Disse que não tinha culpa
Pois só estava na garupa

Foi checada a situação
Ele é mesmo sem noção
Estava preso na domiciliar
Não conseguiu mais se explicar

A motocicleta era roubada
A sua boa fé era furada
Se na garupa ou no volante
Sei que fiz esse flagrante
Desse cara petulante
Que no crime não é estreante

Foi lavrado o flagrante
Pelo crime de receptação
Pois só com a polícia atuante
Protegeremos a população

A fiança foi fixada
E claro não foi paga
E enquanto não vier a cutucada
Manteremos assim preso
Qualquer pessoa má afamada

Já hoje aqui esteve pra testemunhá
vítima, meu quase chará
Cuja felicidade do seu gargalho
Nos fez compensar todo o trabalho

As diligências foram concluídas
O inquérito me vem pra relatar
Mas como nesta satélite acabamos de chegar
E não trouxemos os modelos pra usar
Resta-nos apenas inovar

Resolvi fazê-lo em poesia
Pois carrego no peito a magia
De quem ama a fantasia
De lutar pela Paz ou contra qualquer covardia

Assim seguimos em mais um plantão
Esperando a próxima situação
De terno, distintivo, pistola e caneta na mão
No cumprimento da fé de nossa missão

Riacho Fundo, 26 de Julho de 2011

Del REINALDO LOBO
63.904-4


CHICO DENTISTA, brasileiro,poeta e cidadão Vem nos devidos respeitos Com base na lei de liberdade de expressão que Advoga um processo legal Fundamentado no Art;564,IV Do Código do Processo Penal Requerer relaxamento de prisão. Em favor de um cidadão sem nome Preso nesta delegacia, Cujo relatório prisional V. Excia, com muita sapiência Narra em poesia. Da maneira mais clara possível Vou tentar provar Que o cidadão em evidência Não é bandido, Apenas não sabe roubar. Este homem estava apenas Dando continuidade De uma das profissões mais antiga Que os juristas não quer aceitar. Que é, o ofício de roubar. Com relação o furto da moto, Ele apenas pegou emprestada a força Pra nunca mais entregar. Baseado no Art 5º,XIII da constituição Que prega a livre escolha da profissão Meu cliente não é bandido, Não é político, não tem colarinho branco, Nem é especialista em licitação. Portanto, não pode ser taxado de ladrão e nem de pretender furtar. Ele é apenas um Apologista Da liberdade á arte de roubar. Ele foi preso pra dizer pra todos Numa linguagem triste e Socialmente maculado, Que quanto mais tem ladrão Mais aumenta a profissão De PMS, juristas e Advogados. Diante do exposto e fluxos na constituição É que pede deferimento no relaxamento de prisão Brasília 04/08/2011 .............................................................. Chico dentista Poeta

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