O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), negou que o ministro do Turismo, o peemedebista Pedro Novais, foi indicado por ele para ocupar o cargo. “Essa é uma afirmação que não foi bem apurada pela imprensa, uma vez que o ministro não foi indicação minha. No acordo com o PMDB, a Câmara dos Deputados, através de sua bancada, ficou de indicar para o Ministério do Turismo, e a bancada do Senado, para Minas e Energia. Mas pelo que conheço dele, trata-se de um homem de reputação ilibada”, afirmou o senador.
A Polícia Federal prendeu nesta terça-feira o número 2 do Ministério do Turismo, o secretário-executivo, Frederico Silva da Costa, e mais 38 pessoas envolvidas em um suposto esquema de desvios de dinheiro público. A Operação Voucher investiga fraudes em convênios da pasta feitos no Amapá, estado pelo qual José Sarney é senador.
Dentre os presos na operação da PF, está o secretário-executivo do Ministério do Turismo, Frederico Silva da Costa, a quem Sarney diz não conhecer. “Eu, por exemplo, não conheço quem é esse secretário que foi preso. Não sei nem o seu nome. Nunca o vi”, disse.
A ação da PF envolve cerca de 200 agentes e atua em São Paulo, Brasília e Macapá. Além dos mandados de prisão preventiva (19) e prisão temporária (19), a Justiça expediu sete mandados de busca e apreensão (7). A Operação Voucher investiga desvios relacionados a convênios de capacitação profissional no Amapá. São investigados também funcionários do Ibrasi (Instituto Brasileiro de Desenvolvimento de Infraestrutura Sustentável) e empresários.
Os presos preventivamente em São Paulo e Brasília foram transferidos para Macapá (AP). A assessoria da PF diz que os detidos serão indiciados por formação de quadrilha, peculato (desvio de dinheiro público) e fraudes em licitação.
Para José Sarney, a operação da PF que prendeu 38 pessoas envolvidas em desvios de verbas do Ministério do Turismo desgasta a imagem do PMDB, mas defendeu a realização de investigações. “Pelo que li, a investigação se refere ao secretário-executivo do Ministério. Não tem dúvida que um assunto dessa natureza desgasta o partido. Agora, acho que deve se investigar o máximo possível até onde se possa investigar”, disse Sarney.
Faxina em ministério desgasta PMDB de Sarney
Após defender a “reputação ilibada” do ministro do Turismo, Pedro Novais, o presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), reconheceu que a ”faxina” num ministério comandado pelo PMDB desgasta o partido. “Não tem dúvida que um assunto dessa natureza desgasta o partido, agora acho que deve se investigar o máximo possível até onde possa investigar”, defendeu. “Ninguém está isento de qualquer investigação, então eu acho que as investigações devem ser aprofundadas e as providências tomadas”.
O senador disse que não conhece Frederico Silva e o secretário de Desenvolvimento do Turismo, o ex-deputado Colbert Martins (PMDB-BA), incluídos na lista de servidores da pasta, presos nesta manhã pela Polícia Federal.
Ele defendeu a faxina na área de turismo ou em qualquer outra pasta. “Onde tiver irregularidade, o governo deve agir com energia para que realmente ele possa cumprir com a missão de (dar) à administração pública um nível de honestidade que necessita e deseja o povo e a própria administração”, justificou.
Sarney se eximiu da indicação do deputado maranhense Pedro Novais para a pasta, e de qualquer outro membro do ministério. “A bancada da Câmara ficou de indicar o (titular) para o Ministério do Turismo, e a bancada do Senado, de indicar outro ministro, o de Minas e Energia. Quando tive conhecimento, eu não sabia que o nome dele seria escolhido de maneira que o ministro (Novais) foi indicado pela Câmara “, afirmou.
Novais volta a Brasília e se explica ao governo
A ministra Gleisi Hoffmann (Casa Civil) conversou na manhã desta terça-feira com o ministro Pedro Novais (Turismo) sobre as denúncias na pasta que levaram à prisão de 38 pessoas, na Operação Voucher da Polícia Federal. Na conversa, Novaes garantiu que “está se empenhando” em esclarecer o que ocorreu na pasta. As denúncias são anteriores a sua gestão no Turismo.
A Casa Civil avaliou que não há denúncias até o momento que envolvam o nome do ministro. Novais é do PMDB, o principal partido aliado do PT no governo Dilma. O Planalto negou oficialmente que Dilma convocou ou mesmo que tenha pedido para que Novais retorne a Brasília.
O ministro, que já está em Brasília, afirmou à chefe da Casa Civil que sua agenda previa o retorno à capital federal e que ele estará à disposição do Planalto para decidir que ações serão tomadas.
Líder do PPS defende convocação de Novais e CPI
O líder do PPS na Câmara, deputado Rubens Bueno (PR) anunciou que entrará com requerimento ainda hoje, convocando o ministro do Turismo, Pedro Novais, para esclarecer as denúncias que atingiram a pasta e levaram para a prisão mais de 30 pessoas. Além da convocação, o PPS formalizará um pedido à Comissão de Turismo da Câmara para que o Tribunal de Contas da União faça uma devassa em todos os contratos do Ministério.
Bueno afirmou que esta nova denúncia reforça a necessidade de instalação de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) para apurar os fatos. “É um emaranhado de denúncias que aparece todos os dias. Parece um saco de caranguejos onde você puxa um e vem outros grudados”, comparou. Segundo ele, é necessário apurar para responsabilizar e punir os envolvidos, devolver o dinheiro aos cofres públicos e fazer mudanças na gestão.
(Com informações das Agências)
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