Diretor nacional do Instituto Brasileiro de Combate ao Crime (IBBC)vê com otimismo as ações futuras do disque-denuncia, mas reconhece que a entidade
precisa de mais apoio político e comercial
Apesar
da recente pesquisa divulgada recentemente pela revista Veja, em que coloca a
cidade de Marabá com uma das mais violentas do Brasil, o Dique-denúncia há um
ano tem dado suporte para o combate ao crime da região e especificamente de
Marabá.
Sobre
o assunto, Edson Kallil de Almeida, diretor nacional do Instituto Brasileiro de
Combate ao Crime conversou com o Zeca News. De acordo Edson Kallil há
muito ainda a ser feito. Definida pelo próprio diretor é “uma organização da
sociedade civil com interesse público”, o Instituto Brasileiro de Combate ao
Crime precisa de mais apoio para financiar principalmente as atividades do
disque-denuncia e manter o combate ao crime e a violência como meta e mudar o
atual panorama que a cidade está vivenciando.
O disque denuncia completou um ano no ultimo dia 8. Qual a
analise que o senhor faz em relação ao desempenho desse órgão que auxilia a
policia no combate ao crime?
O
balanço foi surpreendente, muito acima da nossa expectativa. Foram 8.760 horas
ouvindo uma cidade que estava calada até então. Durante esse ano, nós
resolvemos mais de 400 casos. Salvamos mais de 100 vidas, recuperamos mais de
uma tonelada de cocaína, vários quilos de crack, óxi.
Marabá
ganhou um fortalecimento na luta contra o crime. Nós conseguimos tirar e faz
parte desse balanço, Marabá da terceira posição de entre as cidades mais
perigosas de entre as 5.564 cidades brasileira. Esse é um balanço principal. A
credibilidade que a população aposta na gente reflete e manifesta no
disque-denúncia, a quantidade de denúncias que fizeram e uma ameaça futura
evidente, que é evidentemente a manutenção desse programa.
Qual a perspectiva desse órgão e como enfrentar esse desafio?
A
perspectiva é de permanência. Esse é um programa da sociedade, não é da
prefeitura e nem do governo. Ele é da sociedade marabaense. O enfrentamento
dele se dá com a articulação e com a rede dos agentes econômicos da cidade se
articulando para manter o programa.
Hoje
o nosso buraco no orçamento é de 40 mil reais. Isso significa 40 empresários
participando com mil reais. Ou oitenta empresários participando com 500 reais.
Ou a população se manifestando e dando cada um quanto acha que pode.
É
importante dizer que segurança não tem preço. É necessário pagar salários,
recompensas, premiações a policiais, aos jornalistas pelo jornalismo
investigativo. É necessário fazer campanhas, porque o que nos mata é arma. Eu
acho que Marabá está dando um exemplo como uma célula democrática de
resistência sem dar tiro. Contra a violência.
Porque
a briga polícia-bandido é um jogo de derrota, todos morrem. Morre polícia,
bandido e quem não tem nada a ver com isso. A bala perdida não escolhe vítimas.
Então o grande enfrentamento é quando a inteligência, a gestão, a tecnologia e
a cooperação social se esgotaram. Aí nós vamos para o enfrentamento. Quando a
diplomacia perdeu.
Há algum projeto de se manter contato com o próximo gestor para
apoiar o disque-denúncia?
Eu
estive com o futuro prefeito João Salame em Brasília no Ministério das Cidades,
e a nossa conversa foi excelente exatamente neste sentido. Ele como é um homem
que tem uma visão pública, um espírito público, um olhar público, extremamente
generoso, moderno, corajoso e combativo eu acho que é com ele que nós vamos
contar como uma espécie de patrocinador de caráter político-institucional. Eu
tenho muita esperança e muito desespero.
O senhor acha que a violência afeta a economia?
Absolutamente
verdadeiro. O primeiro impacto da violência é na economia. Onde existe
violência a economia não viceja não cresce. Não se desenvolve ninguém sai pra
jantar, ninguém vai ao cinema, ninguém come pipoca, ninguém anda sem intenção
pela cidade. Imagine as cidades violentas o que acontece com os turistas.
Alguém faz turismo no Iraque ou em Bagdá ou em Kabul no Afesganistão? Ninguém
faz turismo em cidades violentas. Não fazem investimentos, ao contrario fica
todo mundo criando rotas de fuga.
Portanto
é exatamente através da economia que deve vir a primeira resposta. Porque ela é
mais afetada. E se nós permitirmos e formos calmos e tolerantes a violência só
fará crescer. Porque aspectos da violência são montados em cima de negócios.
Para se ter uma idéia o grama da cocaína é mais caro do que o quilo do ouro,
então parece que vale a pena vender cocaína com todos os males, mazelas e seqüelas
que ela provoca.
Então
nós precisamos criar células de resistência contra isso, esse eu acho que é o
nome correto. E é exatamente o que Marabá está fazendo. Fez durante o último
ano e não pode deixar morrer é daí pra frente, aumentar, é melhorar, ganhar em
qualidade em esforço. Nós tivemos que eliminar um turno e isso é péssimo, nós
temos que recuperar esse turno. E o buraco no orçamento que nós precisamos é de
40 mil reais para manutenção do programa.
Sobre
as estatísticas divulgadas na revista Veja, isso preocupa o disque-denúncia a
respeito da imagem da cidade de Marabá?
Eu
acho que isso preocupa ao Brasil. Eu acho está na hora de Marabá se
articular, a imprensa especialmente pra dar uma resposta a essa pesquisa
divulgada na revista Veja que colocou Marabá entre os 5.564 municipios
brasileiros como um dos mais violentos.
Há
um ano a gente vem dando essa resposta. Agora não basta ser, tem que parecer
ser. A imprensa local tem que fazer o seu papel de divulgar diariamente os
acontecimentos da crônica do cotidiano da cidade. Mas tem também que articular
uma resposta inteligente pra essa revista de caráter nacional e dizer: venham
conhecer o que nós fizemos. Venham conhecer a nossa célula de resistência
contra a violência. Pode não ser a melhor do mundo e nem a mais eficiente mas é
a nossa. Feita com coragem, do nosso jeito, feita com a nossa população. Porque
não há um policial em cada esquina do mundo, mas há um cidadão em cada esquina
do mundo.
Essa semana um amigo me disse que esta deixando Maraba para habitar em uma cidadezinha ao nordeste brasileiro, depois de viver seis anos e fazer varias amizades, pois teme por sua familia. Por conta dessa violencia desenfreada que tomou conta de Maraba,” prefiro trabalhar e ganhar menos fora que correr rico de morte”. Esse indice é realmente vergonhoso. Estamos vivendo uma inversao de valores, bandido solto e o cidadao preso.
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