No
último dia 17, moradores de Serra Pelada, no município de Curionopolis, que
realizava uma manifestação, através da qual solicitavam negociação de uma pauta
de reivindicação, foram brutalmente dispersados pela Polícia Militar, mesmo
após fecharem acordo sobre a desinterdição
da estrada de acesso à vila.Foram vítimas de uma ação truculenta da PM/PA que
utilizou desnecessariamente bombas de gás lacrimogênio, tiros de balas de
borracha, espancamento de moradores, etc. Revoltada com a ação violenta da
policia a multidão depredou e colocou fogo em carros e escritório de uma
empresa prestadora de serviço da Empresa VALE. No dia seguinte, várias prisões
foram efetuadas mesmo já tendo sido desconfigurado as hipóteses de flagrante.
Dentre as prisões está a do advogado popular, Rodrigo Maia Ribeiro, que
assessora juridicamente a organização dos moradores de Serra Pelada, que no
momento da ação intermediava uma solução pacífica para o conflito. Destaca-se
que sua prisão ocorrera dentro de sua residência. Além das oito prisões feitas
existe mandado para ainda mais oito pessoas. As regiões sul e sudeste do Pará
são marcadas ao longo da história como arena de graves violações de direitos
fundamentais, oriundas da imposição violenta e desigual do “modelo de desenvolvimento”
centrado no agronegócio, na grilagem e nos Grandes Projetos, cuja instalação
desconsiderou e desconsidera a história e os direitos das comunidades que aqui
já habitavam ou que migraram para cá, em busca de melhores condições de vida.
Não por acaso, essa região é vista como palco do processo indispensável de luta
e resistência organizada, que conta com diversos atores comprometidos com a
defesa de direitos humanos. Tais atores, no entendimento da ONU, adotado pelo
Brasil, são todas as pessoas e grupos que trabalham pela implementação dos
direitos assegurados nos instrumentos internacionais de proteção dos direitos
humanos. Assim, são considerados como defensores de direitos humanos
trabalhadores rurais, integrantes de associações comunitárias, movimentos
sociais, entidades de defesas de direitos humanos, entidades de defesa do meio
ambiente, de combate à corrupção, promotores e procuradores de justiça, membros
da magistratura, servidores públicos, políticos, etc. Muitos desses defensores
foram ao longo da história vítimas da pistolagem, da ameaça e de execuções
sumárias, arbitrárias e extrajudiciais. Atualmente, um processo mais refinado
de impedimento da atuação de defensores, lideranças e de comunidades vem sendo
implementado com frequência, por quem impõe o poder político e econômico na
região. Trata-se da criminalização de defensores de direitos humanos e
lideranças, através da imputação indevida de crimes e ações delituosas através
de procedimentos judiciais, parlamentares, administrativos ou policiais, em
função das atividades de defesa e promoção de direitos humanos que os mesmos
desenvolvem, que geram inclusive prisões arbitrárias e injustas
como a que ocorreu no caso do advogado Rodrigo Maia. Diante de todo o ocorrido,
vimos manifestar nossa indignação
ao
desrespeito só as prerrogativas profissionais desse advogado, como a todo o
processo violento e abusivo que lideranças e integrantes dos movimentos sociais
vêm recebendo dos agentes do Estado.A Carta enviada a Zeca News é dos
advogadas populares que participaram do
encontro.
da Comissão Pastoral da Terra – CPT.
Sociedade de Defesa dos Direitos Humanos – SDDH.
Nenhum comentário:
Postar um comentário