O
MST possui 5 acampamentos nas regiões sul e sudeste do Pará onde estão
acampadas 1.300 famílias. Para solucionar os conflitos e assentar as
famílias o INCRA precisa enfrentar com os três grupos mais poderosos da
região: a VALE, a Agropecuária Santa Bárbara e o grupo Quagliato. Os
acampamentos do MST em área de interesse da VALE e do grupo Quagliato
poderão seguir o mesmo exemplo adotado em relação ao grupo Santa Bárbara
no último final de semana. Essas famílias também aguardam o cumprimento
de acordos não cumpridos entre o INCRA e os referidos grupos econômicos
para a liberação de fazendas para assentamentos rurais.
Nos
últimos dois anos, o Movimento manteve as famílias acampadas e
participou de mais de uma dezena de audiências na Vara Agrária e com a
Ouvidoria Agrária Nacional, cumprindo com sua parte nos acordos. Durante
todo esse tempo, o grupo do banqueiro Dantas vem, cada vez mais,
expandindo suas propriedades na região a custa de desvio do dinheiro
público contando com a conivência do INCRA e da Justiça. Além disso, foi
o Grupo que não cumpriu com os acordos firmados e na última reunião não
compareceu, mostrando descaso. Por isso, o MST não voltará atrás em
relação aos imóveis do grupo Santa Bárbara e não se retirará mais da
Fazenda Cedro.
O
caso da Fazenda Cedro é um exemplo desse desmando, 90% da floresta da
propriedade foi derrubada. O antigo castanhal existente ali foi
totalmente destruído. Calcula-se que metade de seus 10 mil hectares
sejam constituídos de terras públicas, mas, até agora o INCRA retomou
apenas 900 hectares. A fazenda foi embargada pelo Ministério Público
Federal por crime ambiental, mas a Justiça, atendendo ao pedido do grupo
do banqueiro, determinou o desembargo. Durante todo esse tempo e frente
a tantas ilegalidades, o INCRA sequer fez um estudo sobre a situação da
área. Além disso, a Agropecuária Santa Bárbara tem várias ações e
processos referentes à trabalho escravo, desmatamento, uso intensivo de
agrotóxicos (com pulverização aérea), grilagem de terra e violência
contra trabalhadores e trabalhadoras na região.
As famílias do MST que estão acampadas em áreas públicas griladas pelo grupo sentem intimidação e violência permanentemente. Nos
últimos três anos, apenas na região sudeste, a escolta armada “Atalaia”
- pistoleiros autorizados pelo Estado, travestidos de segurança -, já
feriu à bala 38 trabalhadores rurais sem terra e assassinou um jovem
trabalhador (Wagner). Com frequência, rondam os acampamentos, atiram
pela noite, ameaçam os trabalhadores quando estão plantando suas roças,
sobrevoam constantemente os acampamentos intimidando e promovendo
violência psicológica nas famílias que lutam pelo justo direito à terra.
Nenhum “segurança” foi preso ou punido por esses crimes.
Por
essas e por outras razões é que não esperaremos mais e não daremos mais
um passo atrás sobre a Fazenda Cedro e as demais fazendas onde as 1.300
famílias do MST terão que ser assentadas. Não aceitaremos despejos em
nossas áreas, intimidações e prisões, bem como a criminalização das
lideranças e do movimento.
Exigimos justiça no Estado do Pará e Reforma Agrária!
MOVIMENTO DOS TRABALHADORES RURAIS SEM TERRA - MST
COMISSÃO PASTORAL DA TERRA - CPT
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