terça-feira, 26 de junho de 2012

Garimpeiros ameaçam invadir Serra Pelada



Garimpeiros ameaçam invadir Serra Pelada (Foto: Reprodução/ Diário do Pará)
Serra Pelada poderá ter disputa violenta por comando da cooperativa e 25% da exploração de 50 t de ouro (Foto: Reprodução/ Diário do Pará)
A ideia de um grupo de opositores de fazer nova eleição para a diretoria da Cooperativa de Mineração dos Garimpeiros de Serra Pelada (Coomigasp), aproveitando o afastamento determinado pela justiça de Curionópolis (sudeste do Pará) do presidente da entidade, Gessé Simão, acendeu o estopim de uma invasão da área por 15 mil garimpeiros. Em conversa com o Diário, líderes dos garimpeiros contrários à destituição dos atuais diretores ameaçam “quebrar no pau” opositores ligados ao antigo coronel do Exército, Sebastião Curió por estarem insuflando menos de 100 garimpeiros de outras entidades, conhecidos por “carteiras amarelas”, para invadir a sede da cooperativa e forçar a saída da diretoria.
O delegado regional da Coomigasp em São Luís (MA), Gentil José da Silva vê com tristeza os últimos acontecimentos e responsabiliza antigos aliados do coronel Sebastião Curió unidos com o radialista Toni Duarte, ex-aliado de Gessé Simão e presidente da Associação Nacional dos Garimpeiros (Agasp-Brasil), pela tentativa de “golpe” contra a atual diretoria. “Isso está causando muita apreensão entre os garimpeiros e a resposta da categoria pode ser muito dura”, adverte Silva. Para o delegado da entidade em São Domingos do Araguaia, Adalto Batista Gomes, as “mentiras e fofocas” passaram dos limites. “O Gessé limpou o garimpo, expulsou traficantes, pistoleiros e vagabundos, mas eles querem voltar nos braços dos inimigos históricos de Serra Pelada, armando um complô de olho no dinheiro que virá com a exploração do ouro”, disse Gomes. O serviço de inteligência do governo do Pará já identificou a movimentação dos garimpeiros e garante que a Polícia Militar está preparada para evitar quebra-quebra e confronto.
Gessé Simão foi afastado sob a acusação de movimentar R$ 19 milhões da Coomigasp em uma conta particular. Ele alega que usou conta pessoal, porque isso vem sendo feito desde diretorias passadas. “Aceitaram débitos até em nome de fornecedores fantasmas. Há ações judiciais de cobrança que sugam todo o dinheiro que vier a cair na conta da Coomigasp e se eu deixasse isso acontecer a cooperativa iria quebrar e nós não poderíamos honrar os pagamentos com funcionários, atuais fornecedores e mobilização dos garimpeiros para as assembleias. A juíza que me afastou sabia disso”, acusa Simão.
Ele está recorrendo ao Tribunal de Justiça do Pará contra a decisão que o afastou. E denuncia. “Agora, que a mina está próximo de funcionar, com ordem e organização, eles não se conformam e querem tumultuar. Quero ver eles enfrentarem 38 mil”, desafia. Simão acusa Duarte de tentar extorqui-lo, exigindo R$ 5 milhões de propina para não criar problemas, apesar de receber um salário mensal de R$ 35 mil da entidade. Duarte foi procurado para responder às acusações, mas não atendeu as ligações feitas para o celular dele.
A mineradora canadense Colossus, parceira da Coomigasp no projeto de lavra mecanizada, já investiu cerca de R$ 200 milhões na infraestrutura do projeto.Ela pretende explorar 50 toneladas de ouro nos próximos oito anos, pagando 25% de tudo o que for produzido aos 38 mil garimpeiros filiados à Coomigasp.
(Diário do Pará)

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