terça-feira, 20 de março de 2012

Nilva Burjack: compõe, toca e tem uma linda voz





Querendo ou não, a cantora Nilva Burjack já inscreveu para sempre o próprio nome na história de Marabá. É dela a letra do hino do clube mais popular do município, o Águia. Mas não é o Azulão que tem deixado a cantora e compositora com sorriso de orelha a orelha, e sim o fato de fazer parte do projeto ‘Divas do Pará’. Nilva não cabe em si de feliz.
“As pessoas têm me chamado de diva. Eu sinto que elas estão orgulhosas por eu fazer parte desse projeto”, diz Nilva. O reconhecimento súbito já se traduziu em chamados para mais trabalhos. A agenda da cantora tem estado cheia. “Graças a Deus”, diz ela, entre risos.
Nilva tem sido bem conhecida por obter excelentes resultados em festivais de música, uma tradição que ainda se mantêm forte no Pará. Foi a segunda colocada no XVI Festival da Canção em Marabá, o Fecam, com a música ‘Canto do Barqueiro’, em 2010.
No ano passado, ela conquistou a terceira colocação e um prêmio no valor de R$ 5 mil ao interpretar a música de própria autoria chamada “Maria do Rosário”, na terceira edição do Festival de Música Popular Paraense, uma iniciativa da Rede Brasil Amazônia (RBA). A canção é um samba meio bossa-nova, que conta a saga de mulheres que lutam diariamente, levantam cedo, trabalham muito e querem ser felizes. “Todas nós somos um pouco Maria do Rosário”, filosofa.
Não é exagero. Nilva Burjack teve quatro maridos, mas sempre criou sozinha os filhos. O que nunca pensou em abandonar foi a música. “Nunca parei de tocar e cantar, sempre levando a música paraense. Sou filha de Marabá, mas antes de tudo, sou paraense”, diz ela, com orgulho do estado em que nasceu. O amor pela música vem de berço. “Minha mãe me embalava com canções de ninar”.
Quando criança se acostumou a ouvir a coleção de Música Popular Brasileira de um primo. Passou a ouvir muito Chico Buarque, Caetano Veloso, Elis Regina. A cantora gaúcha continua sendo até hoje a maior inspiração para a intérprete marabaense. “Minha mãe cantava para mim Dalva de Oliveira, Elizete Cardoso, Emilinha Borba. Foi um aprendizado”, diz Nilva Burjack. Transformar essa paixão inicial como ouvinte em uma forma de expressão foi um passo. “Fui cantando, nunca deixei de cantar. Na escola, sempre que tinha um evento, uma festinha, eu já saía na frente, cantando. Para mim é um sacerdócio”.
Sacerdócio não é uma palavra à toa. Nilva Burjack começou cantando em igrejas católicas. Foi soltando a voz nos ritos religiosos que acabou sendo descoberta por um músico chamado Zequinha.
ABENÇOADA
Depois a música se expandiu na vida de Nilva Burjack. Integrou a banda “Os Invencíveis”. Começou a chamar a atenção para a voz que tinha. Foi convidada a fazer parte da terceira geração do grupo ‘Os Brasas 6’, de Tucuruí. “Me chamaram para cantar na Camargo Correia. Na época, eu era considerada por eles como a melhor cantora. Cantei muito nos clubes de lá”.
Nilva Burjack percebeu que já era considerada uma cantora de fato e de direito quando foi convidada a participar do Projeto Pixinguinha, ao lado de cantoras da estirpe de Nana Caymmi e Zizi Possi.Não demorou e começou a participar de festivais. O Fecam foi o primeiro. Ficou em segundo lugar com a música “Cidade Morena”, com a característica que lhe é peculiar. “Sempre canto as coisas do Pará e de Marabá”, ressalta.
Nilva se considera abençoada. “Tenho três talentos. Canto, toco e componho. Acho que isso é uma bênção”, diz. A sensação aumentou ainda mais quando foi convidada a fazer parte do projeto Divas do Pará. “Para mim é uma maravilha. Esse projeto nos faz sentir mesmo orgulho do Pará. Eu não esperava ser considerada uma das divas. Estou ao lado de Lucinha Bastos. Eu canto músicas dela na noite. É uma porta para os próprios paraenses. Fiquei lisonjeada”.
O reconhecimento tem chegado. Foi homenageada no Dia da Mulher, como diva. Shows começaram a se multiplicar. Todos os dias há um lugar para se apresentar. Nilva tem aproveitado o momento. Sempre quis fazer da música uma fonte de alegria e sustento. Tem conseguido. “Onde me chamarem estou indo. Quero levar minha música cada vez mais longe”. Recado dado. (Diário do Pará)

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