Cirrose hepática é uma condição relativamente comum em países desenvolvidos, tão bem quanto em países em desenvolvimento, e corresponde à substituição das células normais do fígado por um tecido de fibrose (material amorfo, sem vida e função).
A cirrose pode ocorrer devido a inúmeros fatores, incluindo hepatites virais crônicas (vírus B e C), abuso de álcool, síndrome metabólica (esteatohepatite; inflamação do fígado, por infiltração de gordura), doenças autoimunes e, mais raramente, doenças metabólicas de origem hereditária.
É uma condição crônica de evolução lenta, porém, atingindo o fígado neste estágio de doença, ela é irreversível e suas complicações podem tornar-se fatais. Cirrose hepática é a 8ª causa de óbito, no mundo ocidental, em indivíduos entre 15 e 59 anos de idade, ou seja, na juventude e maturidade.
O que mais nos preocupa é a constante luta que travamos entre o triste desfecho da doença e a reflexão tardia dos pacientes a respeito de hábitos que contribuíram para a ocorrência. Um paciente cirrótico com hemorragia digestiva por varizes esofagianas, com ascite (barriga d’água) e encefalopatia terá uma única chance no transplante de fígado, difícil e demorado. Muitos vão a óbito na fila de espera.
Razoável seria prevenir a doença e suas complicações.
A vacinação da hepatite B, o tratamento do vírus C, o uso moderado e menos frequente do álcool e o combate a esteatose hepática através de dieta adequada, controle do peso, da glicemia e dos lipídios sanguíneos são todos factíveis, menos oneráveis e passíveis de realizar-se.
O mundo moderno é o mundo da prevenção. Caso já tenham evoluído para a cirrose, ainda assim, deveriam prevenir e evitar suas complicações.
José Galvão-Alves é médico, membro da Academia Nacional de Medicina
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