segunda-feira, 20 de junho de 2011

!"você mora no leblon! olha a baixaria

grita João Gilberto, o compositor que completou 80 anos no ultimo dia (10). Sim, o pai da bossa nova, conhecido pelo canto sussurrante acompanhado de banquinho e violão, grita. Do lado de fora do apartamento, o vizinho esmurra a porta e responde: “Você também mora no Leblon e fumar maconha é crime! Então apaga essa merda dessa maconha”. A frase talvez tenha sido a única que alguns poucos vizinhos ouviram diretamente do músico, que vive há mais de uma década no oitavo andar de um prédio na rua Carlos Góes, na zona sul do Rio. O apartamento alugado, de 130 m2, é um original quatro quartos transformado em três e conta ainda com sala, cozinha, dependências e três banheiros, com direito a uma vaga na garagem. São quatro imóveis por andar.
Discreto, João quase nunca sai de casa e raramente é visto nas dependências do edifício, segundo relatos de moradores e funcionários. Para alguém que preserva tanto sua intimidade, o registro de uma manifestação pública – e ainda por cima dirigida a um “estranho” - é uma nota dissonante.
“Deve ter um mês mais ou menos que um morador foi até lá e bateu tanto que quase pôs a porta abaixo! O problema é a maconha. Parece que ele fuma e o cheiro entra pela janela da casa do rapaz. Aí os dois ficaram se xingando”, contou ao iG uma vizinha que preferiu não se identificar na última sexta-feira (3). O vizinho ameaçou chamar a polícia. Ao porteiro do prédio, João afirmou, através do interfone, que em sua casa faz o que quiser. E questionou: “E isso (fumar maconha) é crime?”. O porteiro preferiu não tomar partido e apenas comunicou a ameaça de que o vizinho iria telefonar para a polícia. Desde então, nunca mais nenhum morador afirmou ter sentido qualquer “cheiro estranho”.


Entregador se impressionou com a sujeira na cozinha do cantor
Conhecido pelas excentricidades, João Gilberto não tem empregada e até alguns meses mantinha um funcionário que ficava na portaria aguardando algum pedido do patrão. O rapaz teria arrumado outro emprego e, desde então, o compositor não o substituiu. “Ele ficava horas na portaria. A gente morria de pena. Meu marido passava e perguntava: ‘Ele ainda não te deixou entrar hoje?’”, lembra outra vizinha.Ouvir a música do cantor é um privilégio só de quem mora no mesmo andar. Dizem que é possível escutar o violão de João à noite, especialmente às vésperas de alguma apresentação. O único relato de terem visto João Gilberto na rua, à luz do dia, é de uma senhora que trabalha em uma ótica próxima. “Ele veio há muitos anos, uns oito talvez, apertar os óculos. E nunca mais”, lembra ela.
Quem quiser ter o mesmo privilégio dos vizinhos de porta do cantor e compositor terá duas oportunidades ainda este ano. A partir de julho começam a ser vendidos ingressos para um show no dia 3 de setembro, no HSBC Brasil, em São Paulo, e outro no dia 10 do mesmo mês, no Vivo Rio, no Rio de Janeiro.

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