Greve de PMs na Bahia repercute na imprensa internacional
A greve dos policiais militares da Bahia ocupou o noticiário internacional nesta segunda-feira, dia em que trabalhadores e manifestantes entraram em confronto com o Exército e no qual subiu para 95 o número de homicídios registrados em Salvador e região metropolitana desde o início da paralisação.
A emissora de televisão americana CNN, em sua página na internet, destacou o envio de milhares de soldados para a capital baiana na tentativa de "conter uma onda de saques e assassinatos desencadeados por uma greve policial que começou na semana passada". O texto menciona o uso de balas de borracha para impedir que apoiadores e familiares furem um cerco à Assembleia Legislativa do Estado, ocupada pelos grevistas.
A frase do governador Jaques Wagner - "não negocio como criminosos" - foi lembrada pelo periódico espanhol El País, que também apontou que um dos manifestantes conseguiu passar pelo cordão humano formado pelo Exército e se unir, sob aplauso, aos grevistas no interior do prédio público. O jornal assinala que o Rio de Janeiro também vive a ameaça de greve por parte dos PMs.
O argentino Clarín afirmou que Salvador está "em cinzas" após "subir a tensão" com a chegada das tropas nacionais. O jornal ainda sugere que, "segundo se diz", os saques ao comércio local são obra "dos próprios agentes em greve", descritos adiante no texto como "rebeldes".
"Cresce a tensão" foram também as palavras de outro jornal argentino, La Nación, que noticiou o desligamento da luz elétrica da AL para obrigar os grevistas a sair do local. A publicação ouviu o líder do movimento, Marcos Printo, segundo o qual "pode ocorrer uma catástrofe" caso o edifício seja invadido pelo Exército.
Os jornais americanos The Washington Post e The Wall Street Journal acompanharam os acontecimentos em Salvador no domingo, ambos destacando a crise na segurança pública no Estado representada no aumento do índice de homicídios.
A greve
A greve dos policiais militares da Bahia teve início na noite de 31 de janeiro. Cerca de 10 mil PMs, de um contingente de 32 mil homens, aderiram ao movimento. A paralisação provocou uma onda de violência em Salvador e região metropolitana. O número de homicídios dobrou em comparação ao mesmo período do ano passado. A ausência de policiamento nas ruas também motivou saques e arrombamentos. Centenas de carros foram roubados e dezenas de lojas destruídas.
Em todo o Estado, eventos e shows foram cancelados. A volta às aulas de estudantes de escolas públicas e particulares, que estava marcada para 6 de fevereiro, foi prejudicada. Apenas os alunos da rede pública estadual iniciaram o ano letivo. As instituições particulares decidiram adiar o retorno dos estudantes.
Nenhum comentário:
Postar um comentário