terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

Capa do DIÁRIO, edição de terça-feira, 21






A Federação Paraense de Futebol está prestes a pôr em prática uma idéia que tornará o Campeonato Estadual ainda mais deficitário e tecnicamente mais sofrível a partir de 2013. A entidade tem engatilhada uma proposta para aumentar o número de participantes da competição, de 8 para 10 clubes. Seriam classificados automaticamente os seis primeiros colocados deste ano e mais quatro equipes sairiam das fases seletivas. Como se sabe, quando a FPF propõe algo significa que, nas internas, já aprovou tudo.
Para encaixar esse inchaço no calendário do primeiro semestre, a fase semifinal será reduzida a um jogo por chave. Ao invés do sistema atual, mais meritório, que prevê duas partidas (em ida e volta), a partir do próximo ano a ante-sala da decisão será na casa do time com melhor pontuação, que ainda terá a vantagem do empate.
O problema mais sério, porém, diz respeito à parte qualitativa do campeonato. Se nas últimas temporadas o torneio já foi fraquíssimo, com pouquíssimos destaques individuais e raras revelações que frutificaram, a tendência é que o aumento do número de partidas estrague ainda mais a competição.
Mais do que fazer média com as ligas interioranas, que parece ser a intenção disfarçada por trás da iniciativa, a FPF deveria se preocupar em aperfeiçoar o atual regulamento. Cabia, por exemplo, exigir investimento em divisões de base como condição obrigatória para que um clube participe do campeonato. Isso permitiria estipular a inscrição de um número mínimo (quatro ou cinco) de jogadores formados no próprio clube, como forma de
incentivar a renovação de valores e combater a importação desenfreada e indiscriminada de “reforços”, fonte maior da pindaíba financeira dos clubes.
E o déficit da dupla Re-Pa, que ainda carrega o futebol nas costas, tende a aumentar ainda mais. Donos dos maiores investimentos, em face da cobrança sempre impiedosa de torcedores e imprensa, os grandes de Belém são submetidos a uma rotina de jogos deficitários, que não são compensados pela verba dos contratos firmados com o governo.
Para ambos, a ampliação do Parazão significa apenas mais prejuízo, pois hoje apenas os representantes de Santarém têm capacidade de mandar jogos lucrativos. Os demais emergentes mantêm média abaixo de 2 mil pagantes, sem nada que indique mudanças significativas nos próximos anos.
A parte curiosa da história é que a proposta da FPF até o momento não foi discutida, a sério, com os clubes. Como de hábito, a fórmula será imposta e os dirigentes de Remo e Paissandu se inclinam a dizer amém, indiferentes (ou desalentados) com o ano de prejuízos que se descortina no horizonte.
Há anos, as duas agremiações pagam o alto preço dessa omissão. Por isso, não podem se queixar, nem recorrer à Virgem de Nazaré, quando o orçamento estoura, o público foge dos estádios e as contas não fecham.
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Mais um episódio vem confirmar a crise que insiste em se perpetuar nos grandes clubes de Belém. O Paissandu volta a apostar em Tiago Potiguar, que foi liberado há três meses por deficiência técnica, e a história que envolve o negócio tem a ver com um encontro de contas. O clube deve cerca de R$ 70 mil ao meia-atacante e firmou um acordo para pagar o que deve, torcendo para que a transação dê resultado em campo.

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