sábado, 19 de novembro de 2011

No natal dos Correios, todos podem ser Noel

No natal dos Correios, todos podem ser Noel


Ana Maria Cunha tem 11 anos. Cursa o 5º ano do Ensino Fundamental e já sabe o que quer ganhar de presente de Natal: uma boneca Barbie. O pedido poderia ser de qualquer outra garota, não fosse a explicação da escolha. “Não tenho nenhuma boneca. Em casa só brinco de panelinha, que foi o último brinquedo que ganhei”, diz. E até o conjunto de plástico que serve como “cozinha” já está desgastado.
Por isso, ela decidiu recorrer, pela terceira vez, ao Papai Noel. Com letra caprichada, desenhos, colagens e até uma foto ao lado dos pais, ela montou uma linda carta contando a sua história e pediu para a tia colocar nos Correios. “Ano passado eu pedi um laptop, mas ele (Papai Noel) não trouxe. Acho que não deu tempo. Por isso esse ano eu mandei logo cedo pra ele ler e poder comprar a minha boneca”.
A narrativa de Ana é feita às 13h, em sua casa, pouco depois de chegar da escola. Abafado, o espaço reúne quase todos os cômodos num só. Logo na entrada, a cama onde dorme o irmão serve de sofá às visitas, que também devem andar com cuidado sobre as tábuas erguidas como piso, além de baixar a cabeça para não tocar as lâmpadas instaladas precariamente no teto. Questionada se gostaria de pedir outra coisa ao Papai Noel, Ana não hesita. “A casa da Polly. No resto estou feliz”
Seu Manoel, 61 anos, se orgulha do discurso da filha e torce para que nesse ano a carta seja adotada por alguém. Porque a família conta com a generosidade alheia para ter um Natal. “Estou sem trabalho há dois anos e como a empresa faliu não consegui receber seguro desemprego, nem indenização. Estamos sobrevivendo com empréstimos bancários, mas sabe Deus até quando eles (gerentes de banco) vão aceitar me dar”.
CAMPANHA
Assim como a de Ana Maria, milhares de outras histórias já chegaram ao prédio central dos Correios, em Belém. Desde segunda-feira (14) a instituição recebe cartas de crianças até 10 anos de idade, que peçam brinquedos e material escolar.
A coordenadora da campanha “Papai Noel dos Correios”, Celeste Vidigal, explica que este ano a estratégia será um pouco diferente. Quem quiser ser o “Papai Noel” de algumas dessas crianças deve ir até a agência central, na Presidente Vargas, escolher o pedido, deixar seus dados e levar o presente ao mesmo local até o dia 20 de dezembro.
O período para a adoção da carta começa na segunda-feira (21) e vai até 16 de dezembro, sem restrições de colaboradores. Novas cartas serão aceitas até dia 9 de dezembro. Não são aceitos pedidos de cestas básicas, eletrônicos, computadores. É necessário endereço completo e telefone de contato (muitos pedidos não são atendidos por falta de dados).

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