30 anos da descoberta da Aids
30 anos depois, se descobriu como controlar a doença, mas não a cura (Foto: Divulgação)
"Quando eu era menor, éramos (os homossexuais) chamados de depósitos de Aids”. A frase de impacto que, nos dias de hoje, causa espanto e indignação é dita por quem descobriu a soropositividade em uma época em que o HIV (Vírus da Imunodeficiência Humana) era uma sentença de morte. Quando Wélinton Silva (nome fictício) recebeu o diagnóstico positivo para o vírus, fazia 18 anos que o Centro de Controle de Doenças dos Estados Unidos havia registrado o primeiro caso da doença, em junho de 1981.
Foi um ano após a descoberta que a enfermidade recebeu o nome provisório de “doença dos 5H”, referência à primeira letra dos nomes dos grupos onde foram encontrados o vírus inicialmente: hemofílicos, haitianos, heroinômanos (usuários de heroína injetável), ‘hookers’ (como são chamadas as prostitutas em inglês) e os homossexuais. No mesmo ano, a doença é renomeada e passa a se chamar definitivamente de Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids, na sigla em inglês). Porém, os meses em que permaneceu o nome provisório foram suficientes para perpetuar a ideia pré-concebida a qual Wélinton fez referência.
Trinta anos após a descoberta do vírus no mundo, o integrante da Rede Nacional de Pessoas que Vivem com HIV não carrega mais sobre os ombros esse conceito disseminado pela maioria da sociedade à época. De 1998 a 2010, foram notificados 7.541 casos de Aids entre jovens heterossexuais do sexo masculino, enquanto os casos da doença entre jovens do sexo masculino que são homossexuais somaram 7.188 notificações, uma diferença de 353 casos.
No Pará, a diferença é ainda maior. No período de 1985 a 2010, foram registrados 1.128 casos de Aids entre os homossexuais, enquanto que, no mesmo período, 4.216 heterossexuais foram diagnosticados com a doença. “Hoje os homossexuais são os que mais usam preservativos”.
A afirmação de Wélinton é fundamentada nas experiências como orientador e disseminador da importância do uso do preservativo, trabalho que desenvolve em várias regiões do Estado. Com a voz sempre viva e com um sorriso no rosto, ele dedica parte de sua vida para transmitir informação e apoio às pessoas, soropositivas ou não. “Nós tentamos fazer o trabalho de levar às pessoas um ato de apoio e de carinho”, explica. “Eu já tirei duas pessoas do buraco. Um estava no Barros Barreto (Hospital Universitário) e a família não sabia mais o que fazer para ele comer e se divertir. Eu ia todo dia conversar com ele e hoje ele está bem e é meu amigo”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário