Pouco mais de um ano depois de figurar na revista Veja como “Tigre da Amazônia”, devido ao seu potencial econômico, Marabá volta às páginas do periódico, só que desta vez na lista das piores na reportagem “O grande salto do Brasil urbano”. A cidade está entre as cinco piores em internet, tratamento de lixo, saneamento e mortalidade infantil, além de ser a pior em criminalidade. A edição 2241 da revista circulou no dia 2 de novembro e foi dedicada a avaliar as campeãs de riqueza e bem-estar.
Esta semana, enquanto várias cidades do Brasil comemoravam terem sido listadas entre as melhores nos mesmos critérios de avaliação, Marabá amargava estar na listagem dos piores, acompanhada de mais duas cidades paraenses: Santarém e Ananindeua. A revista diz ter avaliado 106 municípios com mais de 200 mil habitantes, todos do interior de seus estados e que, juntos, abrigam 20% da população brasileira.
A reportagem confirma algumas mazelas que o marabaense já sofre na pele e percebe a grosso modo no tipo de vida urbana que leva, sem melhorias aparentes no cenário urbano, pela falta de políticas de infraestrutura de médio e longo prazo. Só agora, no entanto, temos a dimensão de como estamos quando comparados a outros municípios com o mesmo perfil e número de habitantes.
Internet
Quanto a internet, a revista avaliou o acesso e disponibilidade de banda larga (navegação em alta velocidade) nos municípios sendo as campeãs Santos e Americana, ambas em São Paulo, com 28,9 e 22,7, respectivamente, pontos de banda larga por cada grupo de 100 habitantes.
Marabá está na lista como a terceira pior, com 0,7, atrás apenas de outros dois municípios paraenses, Ananindeua e Santarém. Veja conta, por exemplo, que Ananindeua até o ano passado sequer era atendida por cabo de fibra óptica. Marabá é atendida nesse quesito, no programa governamental Navega Pará e por antenas de rádio de provedores, mesmo assim tem nota sofrível no contexto dos 106 municípios de porte médio.
Saneamento
O periódico rememora que o Brasil foi o terceiro país a iniciar construção de redes de esgoto, em 1857, mas que o pioneirismo não lhe garantiu excelência ao longo da história. Até hoje apenas 55% dos domicílios do país contam com atendimento. Dos municípios com mais de 200 mil habitantes, apenas 10 estão na elite, com mais de 98% de cobertura. No topo da lista: Americana, sendo que as outras cinco melhores também são de São Paulo.
Nesse quesito, Marabá é o segundo pior, com apenas 34,4% dos domicílios atendidos, atrás apenas de Arapiraca (AL), com 19,4%. Santarém também figura entre as cinco piores, com apenas 40,7% da população atendida.
Lixo
Quanto ao lixo, o município modelo é Santo André (SP), na região metropolitana de São Paulo, onde 100% dos domicílios são atendidos com coleta de lixo seletiva. O aterro sanitário do município é considerado um modelo de eficiência, enquanto o de Marabá segue questionado pelo Ministério Público.
Dois paraenses estão liderando a listagem dos piores: Santarém, com apenas 75% da população atendida e Marabá, com 78,5%. No primeiro foi dado como exemplo negativo o lixão ao ar livre na cidade do oeste do Pará.
Mortalidade Infantil
Na edição 2282, o CORREIO DO TOCANTINS publicou sobre morte do bebê Pedro Eduardo, três dias depois de nascer no HMI (Hospital Materno Infantil), em 22 de outubro. O caso teve grande repercussão em Marabá. Na época, o hospital alegou que a criança nasceu com cardiopatia congênita e que a mesma não foi internada na UCI-Neonatal, porque os sete únicos leitos existentes estavam ocupados.
Este é um dos casos que se repetem no município, segundo a Veja. Marabá é o terceiro pior município no ranking da mortalidade infantil (0 a 5 anos), que leva em conta crianças mortas entre 0 e 5 anos. A taxa considerada aceitável pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 10 mortes a cada 1000 nascidos vivos. O município figura no levantamento da Veja com o número de 21 mortes por 1000 nascidos.
Criminalidade
Não é de hoje que Marabá é citada em reportagens nacionais como uma das líderes do ranking de criminalidade. Em 2009 uma divulgação do governo federal sobre os lugares em que os jovens estão em maior situação de risco, a cidade estava lá. Desta vez a Veja diz estar levando em conta a taxa de homicídios por 100 mil habitantes e Marabá está no topo da lista com 125, acima de Itabuna (BA), Arapiraca (AL), Serra (ES) e Cariacica (ES). Pelo mesmo critério, outra paraense, Santarém, figura como a menor taxa: 3,8.
Segundo o repórter Marcelo Sperandio, Marabá apresenta taxa de homicídios 7 vezes maior que o México, país conflagrado pelo tráfico de drogas. O repórter também narra que a cidade chega a ser apelidada de “Marabala” e que boa parte das mortes se dá pelo conflito no campo. “Na última década, com a urbanização, o faroeste deu lugar à degradação causada pelo tráfico de drogas. Policiais afirmam que 80% das execuções na cidade estão associadas a esse tipo de crime”, diz trecho da reportagem.
A revista ouviu, ainda, o sociólogo Júlio Jacobo, diretor do Mapa da Violência o qual afirmou que a falta de estrutura é culpada pela situação: “Se a estrutura policial fosse qualificada, os bandidos não teriam a certeza da impunidade, como têm hoje”. Veja ainda coloca que a cidade seria o exemplo da escalada do banditismo no Norte e no Nordeste do País.
Contraponto
A reportagem quis ouvir a Prefeitura de Marabá, responsável pelas políticas de infraestrutura alvo de críticas da revista – limpeza pública, saneamento e saúde. Na Secretaria de Comunicação a reportagem foi orientada a enviar as perguntas por e-mail e isso foi feito, mas as respostas não chegaram até o fechamento desta edição.
O médico Paulo Geraldo, atual secretário de Saúde e que também foi diretor do Hospital Materno Infantil até bem pouco tempo, também foi procurado, mas não foi encontra
Pouco mais de um ano depois de figurar na revista Veja como “Tigre da Amazônia”, devido ao seu potencial econômico, Marabá volta às páginas do periódico, só que desta vez na lista das piores na reportagem “O grande salto do Brasil urbano”. A cidade está entre as cinco piores em internet, tratamento de lixo, saneamento e mortalidade infantil, além de ser a pior em criminalidade. A edição 2241 da revista circulou no dia 2 de novembro e foi dedicada a avaliar as campeãs de riqueza e bem-estar.
Esta semana, enquanto várias cidades do Brasil comemoravam terem sido listadas entre as melhores nos mesmos critérios de avaliação, Marabá amargava estar na listagem dos piores, acompanhada de mais duas cidades paraenses: Santarém e Ananindeua. A revista diz ter avaliado 106 municípios com mais de 200 mil habitantes, todos do interior de seus estados e que, juntos, abrigam 20% da população brasileira.
A reportagem confirma algumas mazelas que o marabaense já sofre na pele e percebe a grosso modo no tipo de vida urbana que leva, sem melhorias aparentes no cenário urbano, pela falta de políticas de infraestrutura de médio e longo prazo. Só agora, no entanto, temos a dimensão de como estamos quando comparados a outros municípios com o mesmo perfil e número de habitantes.
Internet
Quanto a internet, a revista avaliou o acesso e disponibilidade de banda larga (navegação em alta velocidade) nos municípios sendo as campeãs Santos e Americana, ambas em São Paulo, com 28,9 e 22,7, respectivamente, pontos de banda larga por cada grupo de 100 habitantes.
Marabá está na lista como a terceira pior, com 0,7, atrás apenas de outros dois municípios paraenses, Ananindeua e Santarém. Veja conta, por exemplo, que Ananindeua até o ano passado sequer era atendida por cabo de fibra óptica. Marabá é atendida nesse quesito, no programa governamental Navega Pará e por antenas de rádio de provedores, mesmo assim tem nota sofrível no contexto dos 106 municípios de porte médio.
Saneamento
O periódico rememora que o Brasil foi o terceiro país a iniciar construção de redes de esgoto, em 1857, mas que o pioneirismo não lhe garantiu excelência ao longo da história. Até hoje apenas 55% dos domicílios do país contam com atendimento. Dos municípios com mais de 200 mil habitantes, apenas 10 estão na elite, com mais de 98% de cobertura. No topo da lista: Americana, sendo que as outras cinco melhores também são de São Paulo.
Nesse quesito, Marabá é o segundo pior, com apenas 34,4% dos domicílios atendidos, atrás apenas de Arapiraca (AL), com 19,4%. Santarém também figura entre as cinco piores, com apenas 40,7% da população atendida.
Lixo
Quanto ao lixo, o município modelo é Santo André (SP), na região metropolitana de São Paulo, onde 100% dos domicílios são atendidos com coleta de lixo seletiva. O aterro sanitário do município é considerado um modelo de eficiência, enquanto o de Marabá segue questionado pelo Ministério Público.
Dois paraenses estão liderando a listagem dos piores: Santarém, com apenas 75% da população atendida e Marabá, com 78,5%. No primeiro foi dado como exemplo negativo o lixão ao ar livre na cidade do oeste do Pará.
Mortalidade Infantil
Na edição 2282, o CORREIO DO TOCANTINS publicou sobre morte do bebê Pedro Eduardo, três dias depois de nascer no HMI (Hospital Materno Infantil), em 22 de outubro. O caso teve grande repercussão em Marabá. Na época, o hospital alegou que a criança nasceu com cardiopatia congênita e que a mesma não foi internada na UCI-Neonatal, porque os sete únicos leitos existentes estavam ocupados.
Este é um dos casos que se repetem no município, segundo a Veja. Marabá é o terceiro pior município no ranking da mortalidade infantil (0 a 5 anos), que leva em conta crianças mortas entre 0 e 5 anos. A taxa considerada aceitável pela OMS (Organização Mundial de Saúde) é de 10 mortes a cada 1000 nascidos vivos. O município figura no levantamento da Veja com o número de 21 mortes por 1000 nascidos.
Criminalidade
Não é de hoje que Marabá é citada em reportagens nacionais como uma das líderes do ranking de criminalidade. Em 2009 uma divulgação do governo federal sobre os lugares em que os jovens estão em maior situação de risco, a cidade estava lá. Desta vez a Veja diz estar levando em conta a taxa de homicídios por 100 mil habitantes e Marabá está no topo da lista com 125, acima de Itabuna (BA), Arapiraca (AL), Serra (ES) e Cariacica (ES). Pelo mesmo critério, outra paraense, Santarém, figura como a menor taxa: 3,8.
Segundo o repórter Marcelo Sperandio, Marabá apresenta taxa de homicídios 7 vezes maior que o México, país conflagrado pelo tráfico de drogas. O repórter também narra que a cidade chega a ser apelidada de “Marabala” e que boa parte das mortes se dá pelo conflito no campo. “Na última década, com a urbanização, o faroeste deu lugar à degradação causada pelo tráfico de drogas. Policiais afirmam que 80% das execuções na cidade estão associadas a esse tipo de crime”, diz trecho da reportagem.
A revista ouviu, ainda, o sociólogo Júlio Jacobo, diretor do Mapa da Violência o qual afirmou que a falta de estrutura é culpada pela situação: “Se a estrutura policial fosse qualificada, os bandidos não teriam a certeza da impunidade, como têm hoje”. Veja ainda coloca que a cidade seria o exemplo da escalada do banditismo no Norte e no Nordeste do País.
Contraponto
A reportagem quis ouvir a Prefeitura de Marabá, responsável pelas políticas de infraestrutura alvo de críticas da revista – limpeza pública, saneamento e saúde. Na Secretaria de Comunicação a reportagem foi orientada a enviar as perguntas por e-mail e isso foi feito, mas as respostas não chegaram até o fechamento desta edição.
O médico Paulo Geraldo, atual secretário de Saúde e que também foi diretor do Hospital Materno Infantil até bem pouco tempo, também foi procurado, mas não foi encontrado no seu gabinete. Também não atendeu o celular ontem à tarde.
Já quanto à segurança pública, a reportagem ouviu o superintendente de Polícia Civil do Sudeste do Pará, delegado Alberto Teixeira. Na opinião dele, a revista usou dados desatualizados e que não condizem com a realidade da segurança em Marabá nos dias de hoje. “Não vou dizer que tudo esteja maravilhoso, mas estamos trabalhando. Quando cheguei aqui encontrei uma situação complicada e conseguimos reverter, com o mesmo número de policiais e a mesma estrutura”, garante o delegado.
Questionado sobre a opinião do sociólogo ouvido pela Veja de que a estrutura policia não é qualificada e que os bandidos prosperam na impunidade, Alberto Teixeira afirma que essa avaliação só mostra o desconhecimento completo da realidade regional. Para o delegado, a revista não teve interesse em retratar a verdadeira realidade, “pois isso não vende revista”. (Correio Tocantinsdo no seu gabinete. Também não atendeu o celular ontem à tarde.
Já quanto à segurança pública, a reportagem ouviu o superintendente de Polícia Civil do Sudeste do Pará, delegado Alberto Teixeira. Na opinião dele, a revista usou dados desatualizados e que não condizem com a realidade da segurança em Marabá nos dias de hoje. “Não vou dizer que tudo esteja maravilhoso, mas estamos trabalhando. Quando cheguei aqui encontrei uma situação complicada e conseguimos reverter, com o mesmo número de policiais e a mesma estrutura”, garante o delegado.
Questionado sobre a opinião do sociólogo ouvido pela Veja de que a estrutura policia não é qualificada e que os bandidos prosperam na impunidade, Alberto Teixeira afirma que essa avaliação só mostra o desconhecimento completo da realidade regional. Para o delegado, a revista não teve interesse em retratar a verdadeira realidade, “pois isso não vende revista”. (Correio Tocantins,
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