Durante sessão ordinária realizada na manhã desta
sexta-feira (13) para votação da LDO (Lei de Diretrizes Orçamentárias)
de Marabá, os vereadores foram surpreendidos por um grupo de mais de 200
servidores municipais que foram ao local empunhando faixas para
protestar contra o atraso no pagamento dos salários referente a junho,
que deveria ser depositado até o 5º dia último deste mês.
O tema da LDO foi deixado em segundo plano e os
vereadores concederam a palavra aos representantes dos servidores,
através do presidente do Servimar (Sindicato dos Servidores de Marabá), e
do Conselho Municipal de Saúde.
Edmilson Rodrigues, presidente do Servimar, lamentou
que a Prefeitura de Marabá esteja atrasando constantemente os salários
dos servidores, mas também advertiu que é preciso que os vereadores se
mobilizem para defender os funcionários públicos, que estão com muitas
dívidas no comércio e junto aos bancos. “Muitos já estão passando fome,
porque até mesmo o vale alimentação está atrasado três meses e não temos
a quem recorrer”, advertiu ele.
Rodrigues revelou que 12 das 24 secretarias
municipais estavam sem receber seus salários até ontem, entre eles os da
Secretaria Municipal de Saúde, que resolveram realizar uma greve
branca, assinaram o ponto, mas não atenderam os pacientes, deixando a
população revoltada com o prefeito municipal, Maurino Magalhães.
Por sua vez, o presidente do Conselho Municipal de
Saúde, Demerval Bento da Silva, disse que a situação dos servidores está
insustentável e que sugeriu aos vereadores que o prefeito deveria ser
cassado hoje mesmo pela Câmara. Ele revelou que apenas este ano o
Ministério da Saúde repassou ao município R$ 21 milhões e mais a
contrapartida de 15% do município daria para gerir com folga a saúde do
município.
O vereador Edivaldo Santos (PPS) leu uma carta em que
pediu abertura de uma Comissão Processante para apurar denúncia de
improbidade administrativa e o processo de cassação do prefeito de
Marabá, alegando que a Lei Orgânica do Município prevê essa
possibilidade.
Ao usar da palavra, a vereadora Júlia Rosa (PDT)
reconheceu que a medida capaz seria uma CPI (Comissão Parlamentar de
Inquérito) e avalia que outro remédio seria apenas um paliativo neste
governo. “Temos quatro assinatura e precisamos apenas de mais uma. Na
área de saúde, o caos é total, com falta de medicamentos nos hospitais e
de condições de trabalho para os servidores”, lamentou.
A vereadora Vanda Américo disse que a situação em que
está a Prefeitura de Marabá está é uma tragédia anunciada e que o não
pagamento de salários é apenas a ponta do iceberg do rombo no erário
municipal.
Por fim, os vereadores interromperam a sessão e
adiaram a votação da LDO para a próxima segunda-feira, na condição de
que o prefeito Maurino Magalhães vá à Câmara explicar por que não está
pagando o funcionalismo. A ideia da abertura de uma CPI foi freada pela
própria Vanda, uma das líderes da oposição, que advertiu que os membros
de uma Comissão Parlamentar não teriam tempo para trabalhar em suas
campanhas de reeleição em função desse projeto. “Vamos abrir essa CPI
após 7 de outubro, porque vamos mostrar que trabalhamos com
responsabilidade”, opinou, o que foi aceito pelo colegas.
Procurado pela reportagem, o Gabinete do Prefeito
Maurino informou que ele estava viajando e que só retornaria a Marabá no
final da tarde desta sexta-feira, quando deverá se manifestar sobre o
atraso no pagamento dos salários.
Servidores exibem documento que pede cassação do mandato do prefeito por atraso de salários
Nenhum comentário:
Postar um comentário