Senador foi acusado de quebrar o
decoro parlamentar por manter relações estreitas com o contraventor
Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira. Com a decisão do Senado,
Demóstenes Torres ficará inelegível por oito anos contados a partir do
fim do mandato (fevereiro de 2019). Assim, só poderá concorrer a um
cargo político a partir das eleições de 2028.
O plenário do Senado Federal decidiu nesta
quarta-feira, em votação secreta ( 56 votos a favor, 19 contra e cinco
abstenções), pela cassação do senador Demóstenes Torres (ex-DEM-GO). Os
parlamentares entenderam que o senador goiano, por quebrou o decoro
parlamentar ao manter relações estreitas com o contraventor Carlos
Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, que está preso desde fevereiro sob
suspeita de comandar um esquema de jogos ilegais.
O senador foi alvo de processo no Conselho de Ética por quebra de decoro parlamentar
Na abertura da sessão, o relator do processo no
Conselho de Ética, o senador Humberto Costa (PT-PE), e o relator da
matéria na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJ), Pedro
Taques (PDT-MT), tiveram mais tempo e falaram por 20 minutos cada.
Em sua fala, Costa contestou uma das frases que
Demóstenes usou em sua defesa na tribuna nos últimos dias: “Mentir não é
quebrar o decoro parlamentar”. “Não é normal nem aceitável que se possa
mentir ao Parlamento e à sociedade brasileira”, afirmou o relator.
Costa também questionou a afirmação de Demóstenes,
que disse não saber nada sobre os negócios ilegais de Cachoeira, embora
fosse amigo do bicheiro. “A CPI dos Bingos indiciou Cachoeira por seis
crimes (…) como alguém da intimidade desse cidadão não poderia saber de
suas atividades criminosas? (…) se houve uma CPI que foi de conhecimento
de todo o Brasil, que amigo é esse que não procurou saber por que o
amigo foi indiciado por seis crimes?”, disse.
Em sua vez, Taques ressaltou que o rito legal foi
respeitado e que Demóstenes teve ampla chance de defesa durante o
processo. “O senador adotou conduta incompatível com o decoro
parlamentar, ferindo de morte a dignidade do cargo e a ética que se
impõe”, afirmou.
Em seguida, foi aberta a palavra aos senadores que
quiseram se manifestar pelo tempo máximo de 10 minutos. Todos fizeram
discursos contra Demóstenes, mas não puderam declarar o seu voto, que é
secreto. Um dos mais enfáticos foi o senador Mário Couto (PSDB-PA).
“Hoje é um dia de moralidade, sim, mas o País sabe que aqui não tem
moralidade. O Brasil inteiro sabe que não existe Senado e Câmara neste
País. O povo está dizendo ‘me engana que eu gosto’, é isso que o povo
brasileiro deve estar dizendo hoje de todos nós”, afirmou o tucano.
Também falou o senador João Capiberibe (PSB-AP), que
assumiu o mandato no fim do ano passado após uma batalha jurídica para
não ser enquadrado na Lei da Ficha Limpa. “O que impressiona é a
impunidade de certos políticos que circulam livremente por esse País
como se nada tivesse acontecido, protegidos pelo foro privilegiado e
pelo corporativismo”, afirmou citando o caso do deputado e ex-prefeito
de São Paulo Paulo Maluf, que integra a lista de mais procurados da
Interpol e pode ser preso se sair do País.
Depois, o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder do
PSOL, partido que ingressou com representação contra Demóstenes, falou
por 30 minutos. “A votação de hoje é paradigmática, o que está em jogo
não é a posição, não é a conduta errônea de um senador da república, é
sobre a credibilidade de uma instituição centenária”, afirmou na
tribuna.
Para Randolfe, Demóstenes colocou o seu mandato a
serviço dos interesses de Cachoeira e isso é revelado em várias
interceptações telefônicas da investigação da Polícia Federal na
Operação Monte Carlo. “Pelos elementos dos autos, não há dúvida, podemos
inferir que o representado não mantinha com o senhor Carlos Cachoeira
apenas relações pessoais. Tinha, sim, relação de atuação na defesa dos
interesses da organização criminosa”, disse Randolfe.
Suplente
Assume a vaga de Demóstenes Torres o suplente Wilder Pedro de Morais (DEM-GO). Sob ele já paira a acusação de omitir boa parte de seus bens na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Wilder é um dos empresários mais ricos de Goiás e foi o segundo maior doador da campanha de Demóstenes em 2010, com R$ 700 mil repassados oficialmente por meio de duas de suas empreiteiras.
Assume a vaga de Demóstenes Torres o suplente Wilder Pedro de Morais (DEM-GO). Sob ele já paira a acusação de omitir boa parte de seus bens na prestação de contas ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Wilder é um dos empresários mais ricos de Goiás e foi o segundo maior doador da campanha de Demóstenes em 2010, com R$ 700 mil repassados oficialmente por meio de duas de suas empreiteiras.
Inelegível
Com a decisão do Senado, Demóstenes Torres ficará inelegível por oito anos contados a partir do fim do mandato (fevereiro de 2019). Assim, só poderá concorrer a um cargo político a partir das eleições de 2028.
Com a decisão do Senado, Demóstenes Torres ficará inelegível por oito anos contados a partir do fim do mandato (fevereiro de 2019). Assim, só poderá concorrer a um cargo político a partir das eleições de 2028.
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